quarta-feira, 1 de agosto de 2018

MASTERCHEF BRASIL - PENA QUE É SÓ SHOW.

Ontem acabou a temporada do MasterChef na TV BAND. Segundo informações da própria emissora, esse é, atualmente, o principal produto da emissora.
Como esse blog se propõe a tratar assuntos de gastronomia, por ser algo de meu interesse pessoal, marco esse meu retorno ao blog (estava afastado desde 2015), comentado a final de ontem. Aliás, final que nem assisti (e não pretendo assistir !), mas através da leitura de várias matérias na web, sinto-me à vontade para comentar.
A temporada foi de amadores e, dessa vez, acompanhei desde o primeiro episódio. Esse ano a temporada teve algumas diferenças, que gostei no geral: 1) sistema de eliminatória para selecionar os que entraram na competição (selecionaram bem mais gente para estar "apto" a entrar e depois fizeram essas eliminações) e 2) possibilidade de eliminar mais de um competidor em cada episódio (novidade que foi utilizada em 2 momentos ao longo da competição).
A temporada foi bacana, no geral, mas me deixou muito irritado com um aspecto: posso querer ser puritano, mas sempre penso que essa competição deveria ter um "algo a mais" do que ser simplesmente show. Quero dizer com isso que, poderia ser utilizada toda essa estrutura, audiência, penetração e conhecimento dos chefs jurados e convidados para agregar cultura gastronômica em geral. Infelizmente, parece, não é a proposta do programa.
Mas porque eu reclamo disso ? 
Basicamente por conta de duas competidoras que seguiram até a semi final e uma delas sagrou-se campeã na noite de ontem. Uma das competidoras teve, numa prova de equipe, numa fase mais inicial da temporada, um prato servido com um fio de cabelo. Essa competidora frequentemente era vista (como outras !) trabalhando de cabelo solto e isso é um "sacrilégio" na cozinha. Naquele episódio, o cúmulo de apresentar um prato com cabelo, aconteceu e a mesma não foi eliminada. Como disse, posso ser puritano ou querer ser mais "realista que o rei", mas era motivo para eliminação imediata. Não aconteceu e ela foi até a semi final.
A outra competidora, sulista, sommelier formada, teve uma enorme ajuda da organização do programa quando, na semi final, é apresentada uma prova de harmonização de vinhos. Ora, então porque não se faz uma prova de molde de obturação já que o outro competidor é dentista ?!
Brincadeiras à parte, achei muito sem sentido isso. Se era um planejamento da temporada, deveria haver um ajuste (uma flexibilizada) para não dar essa enorme vantagem à ela, num momento tão importante. Pois bem, além disso, também num momento final da competição, essa pessoa apresentou um prato com carne crua. Segunda razão para não ter seguido na prova, mas seguiu.
Mas o que mais me incomodou nela foi ve-la, em todas as provas ao ar livre, normalmente em equipe, suando sobre aquilo que estava preparando. Isso mesmo, escorrendo suor  do seu rosto. Mais uma razão (falta de higiene) para, no meu ver, não seguir na competição.
Apesar de tudo isso, acabou sagrando-se campeã.
Não vou comentar sobre o ocorrido com ela no episódio final, pois é mais questão comportamental do que o foco que prefiro manter aqui, mas basta ver na web os comentários dela, inclusive incitando a violência.
Como disse, é um programa que me entretém, mas me deixa com raiva. Como todo mundo, tenho minhas preferências e, normalmente, são preferências por questões ligadas às técnicas propostas pelos desafios. Muito mais do que simples simpatia. Vi alguns bons competidores serem eliminados e achei justo (mesmo que torcesse por eles), afinal, erraram naquela proposta do momento.
Mas, como entusiasta da gastronomia, gostaria de ver mais esse processo de "aculturamento" acontecendo.
Uma pena.
Vamos esperar pela próxima temporada que, segundo soube, deve começar bem rápido e será com profissionais.


Fonte da imagem: https://www.designweek.co.uk/issues/july-2013/a-new-identity-for-masterchef/

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