A experiência ocorreu em janeiro de 2007, portanto há mais
de 6 anos e, portanto, “milhões de smartphones” antes da quantidade que há hoje
nas ruas.
A experiência teve um objetivo: avaliar a reação das pessoas
a um “gênio” fora de seu “ambiente tradicional”. Trata-se, claro, de percepção.
A estação escolhida fica no centro de Washington e é usada
por centenas de milhares de burocratas, classe média (segundo o artigo do
jornal), trabalhadores do governo americano. A experiência consistiu em colocar
um violinista de primeiríssimo time para tocar como se fosse um músico de rua e
ver como as pessoas reagiriam.
O vídeo (abaixo) é marcante. São pouco mais de 2 minutos que
retratam a experiência de 45 minutos.
O artista é Joshua Bell, 45 anos e considerado um dos
melhores violinistas da atualidade. Trata-se de um prodígio que começou a tocar
(e estudar) com 4 anos de idade.
Apesar de acostumado a concertos com ingressos acima de
US$100 por pessoa, ele topou a parada. Posicionou-se na entrada da estação
L’Enfant Plaza, perto de uma lata de lixo e começou sua performance. O violino utilizado,
feito em 1713 por Antonio Stradivari, portanto, um dos famosos “Stradivarius”,
que segundo o próprio artista, atingiu sua perfeição na produção desses
instrumentos justamente na década dos anos 1710.
Será que num ambiente totalmente “inapropriado”, um gênio é
percebido ? Essa era a pergunta.
A acústica do local escolhido acabou ajudando.
Sem saber dos resultados, Leonard Slatkin, diretor artístico
da Orquestra Sinfônica Nacional dos Estados Unidos foi entrevistado para dar
sua opinião sobre o resultado. Ele disse esperar que para cada 1000 passantes,
até umas 100 pessoas reconheceriam a qualidade do músico e de sua interpretação
e achou ser possível “faturar” uns US$ 150 em doações.
Para tornar o teste ainda mais crível, as músicas tocadas
foram de primeira linha. Nada de músicas atuais, conhecidas. Apenas “obras
primas” da música foram interpretadas.
O RESULTADO
Pois bem, foram 43 minutos de apresentação e 1097 passantes.
O vídeo mostra que em nenhum momento houve qualquer
aglomeração (o que surpreendeu os especialistas). Poucas pessoas param para ver
Joshua tocar. Uma única pessoa aparece, no final do vídeo, reconhecendo-o (e
olha que ele acabara de se apresentar na Biblioteca do Congresso em Washington)
e a arrecadação foi de pouco mais de US$ 32.
MINHA CONCLUSÃO
O que essa experiência mostra, para mim, é quanto estamos “alienados”
do mundo que nos rodeia e, certamente, isso é culpa da “velocidade da vida”,
quantidade de informações que temos disponíveis e facilidade de acesso à elas
via smartphones, tablets, etc.
Com tanta informação “disponível”, ao nosso alcance,
acabamos com um sentido de urgência em consumir tudo isso e viramos reféns dos
emails, tweets, posts e tudo mais que nos atinge. Portanto, além da facilidade
de acesso e quantidade disponível, criamos (nós mesmos) essa necessidade.
Claro que em locais como São Paulo, com toda a violência
urbana que nos cerca, nem sempre podemos perceber e desfrutar das verdadeiras
coisas belas da vida que nos cercam. Também é verdade que, como a experiência
mostrou, fora de contexto até um “gênio” da música não é valorizado ou
reconhecido.
Mas acho que isso deve servir de alerta para todos e podemos
“diminuir um pouco a velocidade”, deixando de ser reféns dessa “loucura” que a
vida atual se tornou.
O VIDEO DA EXPERIÊNCIA
Fontes: