terça-feira, 21 de agosto de 2018

ÍCARUS – A SUJEIRA NO ESPORTE DOCUMENTADA AO EXTREMO



Mais uma dica de documentário disponível na Netflix: ÍCARO (ICARUS). Trata-se de uma produção da própria Netflix, ganhadora de vários prêmios. O trabalho investigativo do ex ciclista Bryan Fogel é muito bacana e super atual.

Acho que todo mundo se lembra do banimento da Rússia dos eventos esportivos de nível mundial, como os Jogos Olímpicos, que aconteceu há poucos anos atrás. Isso levou a uma enorme discussão, antes da Olimpíada do Rio em 2016, na qual os atletas daquele país, competiriam sob bandeira do Comitê Olímpico Internacional. Pois bem, essa confusão toda foi causada por conta de evidências de uso de substâncias ilícitas para aumentar o desempenho de atletas de alto nível.

O doping não é novo no esporte e, aqui mesmo nesse blog, já comentei (com tristeza) a queda de um ídolo, Lance Armstrong que sobreviveu durante vários anos, escondendo e se esquivando de testes e mais testes. Finalmente, um dia, como diz o ditado, a “casa caiu”.

Esse documentário nasce justamente desse fato. O ciclista que encabeça a produção, Bryan Fogel, inconformado com o caso Lance Armstrong, decide entrar para um programa de dopagem “supervisionada” a fim de “enganar o sistema”. Logo de cara ele descobre o químico russo Grigory Rodchenkov, figura carismática (com jeitão de bom sujeito), ex diretor do laboratório credenciado pela WADA (Agência Mundial Antidoping) em Moscou para monitoramento e controle da lisura do organismo dos atletas Russos. Em termos de controle de doping no esporte Russo, Grigory era a pessoa de mais alto nível no sistema. O número 1 mesmo.

O documentário vira um tipo de “delação premiada” desse profissional, que apresenta e detalha como funcionava a “máquina” supostamente imposta pelo governo daquele país. O detalhamento é impressionante. E vido de uma "alta patente" como ele, bastante crível.

Ao longo dessa produção, correndo risco de vida, Grigory foge para os Estados Unidos, onde acaba exilado e colaborando com as autoridades. Através do trabalho dessas autoridades é que se atinge o ponto de banimento da Rússia das competições internacionais. A sujeira era tão grande, tão espalhada pelos atletas e tão bem camuflada, que não teve outra saída a não ser esse banimento.

Para quem gosta de esporte, vale muito a pena assistir pois escancara uma coisa, na minha opinião, nojenta. A trapaça !

Como atleta que fui, numa época de “sonhador”, acreditando na lisura do esporte amador e na máxima do criador dos Jogos Modernos, Barão Pierre de Coubertain (“O importante é competir”), ver essas artimanhas (como a história do próprio Lance Armstrong, um ídolo e simbolo máximo de um esporte que pratiquei até poucos anos atrás) é muito triste e dá uma sensação de falta de esperança. Tanta gente, no nível amador, see mata de treinar para ir a um evento de nível mundial e ser passado para trás por pessoas sem caráter, trapaceiros.

Fica a dica de um excelente documentário.



quinta-feira, 9 de agosto de 2018

UMA AULA DE HISTÓRIA COMO NUNCA TINHA VISTO



Já escrevi no passado que uma das melhores descobertas que fiz foi o Netflix. Além de muitos filmes e séries, claro, de entretenimento, o que tem atraído muito a minha atenção são as séries. Hoje, falarei especialmente de uma que me encantou: LA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A TODO COLOR.

Sempre me interessei, por alguma razão desconhecida, pela 2ª Grande Guerra (até para nomear a minha empresa de Consultoria, OVERLORD, me inspirei no evento) e por isso fui conferir. O trabalho é simplesmente F*A*N*T*Á*S*T*I*C*O !
Não tenho outra palavra.
Trata-se de uma coletânea de quase 12 horas de filmes que foram colorizados digitalmente. Eles foram montados em 11 ou 12 capítulos de quase 1 hora cada um, contando toda a história do conflito.
Tenho a sorte de ter estudado em um grande colégio particular, com uma educação muito forte. Depois fiz cursinho voltado para o vestibular de administração de empresas, onde história tinha um peso muito forte e por isso tudo, muito desse conflito eu já conhecia. Através de várias leituras sobre o tema, enriqueci mais ainda meu conhecimento no assunto; mas, nada se compara à essa série !
A produção vai além de contar os fatos, pois através de extensa pesquisa, amplia isso com uma análise e demonstração das estratégias usadas (especialmente dos Alemães na expansão que tentaram).
Confesso que haviam coisas que nunca tinha entendido direito, ou tinha entendido de maneira enviesada, como, por exemplo, a entrada dos Japoneses na Guerra. OK, sei e todo mundo sabe que foi depois do ataque à Pearl Harbor no Havaí, mas porque fizeram isso ? “Assim do nada” decidiram ?
Não. Havia uma estratégia deles e já vinham causando um monte de problema numa enorme região do Oriente. Avançar sobre o Havaí fazia todo sentido.
A razão por trás dos Kamikazes Japoneses também nunca tinha ficado claro. Agora está.
A mesma coisa com a divisão da Europa com os Russos.
Pode ser que tenha sido falha minha ao assistir tantas aulas sobre o tema, mas não lembro de ter entendido o conflito de uma maneira “tão fácil”; e gostosa.
Com alguns amigos cheguei a comentar que acho que essa série deveria ser matéria de escola. Deveria ser obrigatório aos alunos assistirem para conhecer esse evento tão marcante.
São várias as séries que gosto no Netflix e até já comentei sobre algumas (posteriormente escrevo sobre outras), mas essa me impressionou. Vale muito a pena !
Confiram.



quarta-feira, 1 de agosto de 2018

MASTERCHEF BRASIL - PENA QUE É SÓ SHOW.

Ontem acabou a temporada do MasterChef na TV BAND. Segundo informações da própria emissora, esse é, atualmente, o principal produto da emissora.
Como esse blog se propõe a tratar assuntos de gastronomia, por ser algo de meu interesse pessoal, marco esse meu retorno ao blog (estava afastado desde 2015), comentado a final de ontem. Aliás, final que nem assisti (e não pretendo assistir !), mas através da leitura de várias matérias na web, sinto-me à vontade para comentar.
A temporada foi de amadores e, dessa vez, acompanhei desde o primeiro episódio. Esse ano a temporada teve algumas diferenças, que gostei no geral: 1) sistema de eliminatória para selecionar os que entraram na competição (selecionaram bem mais gente para estar "apto" a entrar e depois fizeram essas eliminações) e 2) possibilidade de eliminar mais de um competidor em cada episódio (novidade que foi utilizada em 2 momentos ao longo da competição).
A temporada foi bacana, no geral, mas me deixou muito irritado com um aspecto: posso querer ser puritano, mas sempre penso que essa competição deveria ter um "algo a mais" do que ser simplesmente show. Quero dizer com isso que, poderia ser utilizada toda essa estrutura, audiência, penetração e conhecimento dos chefs jurados e convidados para agregar cultura gastronômica em geral. Infelizmente, parece, não é a proposta do programa.
Mas porque eu reclamo disso ? 
Basicamente por conta de duas competidoras que seguiram até a semi final e uma delas sagrou-se campeã na noite de ontem. Uma das competidoras teve, numa prova de equipe, numa fase mais inicial da temporada, um prato servido com um fio de cabelo. Essa competidora frequentemente era vista (como outras !) trabalhando de cabelo solto e isso é um "sacrilégio" na cozinha. Naquele episódio, o cúmulo de apresentar um prato com cabelo, aconteceu e a mesma não foi eliminada. Como disse, posso ser puritano ou querer ser mais "realista que o rei", mas era motivo para eliminação imediata. Não aconteceu e ela foi até a semi final.
A outra competidora, sulista, sommelier formada, teve uma enorme ajuda da organização do programa quando, na semi final, é apresentada uma prova de harmonização de vinhos. Ora, então porque não se faz uma prova de molde de obturação já que o outro competidor é dentista ?!
Brincadeiras à parte, achei muito sem sentido isso. Se era um planejamento da temporada, deveria haver um ajuste (uma flexibilizada) para não dar essa enorme vantagem à ela, num momento tão importante. Pois bem, além disso, também num momento final da competição, essa pessoa apresentou um prato com carne crua. Segunda razão para não ter seguido na prova, mas seguiu.
Mas o que mais me incomodou nela foi ve-la, em todas as provas ao ar livre, normalmente em equipe, suando sobre aquilo que estava preparando. Isso mesmo, escorrendo suor  do seu rosto. Mais uma razão (falta de higiene) para, no meu ver, não seguir na competição.
Apesar de tudo isso, acabou sagrando-se campeã.
Não vou comentar sobre o ocorrido com ela no episódio final, pois é mais questão comportamental do que o foco que prefiro manter aqui, mas basta ver na web os comentários dela, inclusive incitando a violência.
Como disse, é um programa que me entretém, mas me deixa com raiva. Como todo mundo, tenho minhas preferências e, normalmente, são preferências por questões ligadas às técnicas propostas pelos desafios. Muito mais do que simples simpatia. Vi alguns bons competidores serem eliminados e achei justo (mesmo que torcesse por eles), afinal, erraram naquela proposta do momento.
Mas, como entusiasta da gastronomia, gostaria de ver mais esse processo de "aculturamento" acontecendo.
Uma pena.
Vamos esperar pela próxima temporada que, segundo soube, deve começar bem rápido e será com profissionais.


Fonte da imagem: https://www.designweek.co.uk/issues/july-2013/a-new-identity-for-masterchef/