sexta-feira, 17 de maio de 2013

O MUNDO MODERNO E A "FALTA DE TEMPO"



Hoje tomei conhecimento dessa experiência feita pelo jornal THE WASHINGTON POST, na entrada de uma estação de Metrô em Washington DC (Estados Unidos).
A experiência ocorreu em janeiro de 2007, portanto há mais de 6 anos e, portanto, “milhões de smartphones” antes da quantidade que há hoje nas ruas.
A experiência teve um objetivo: avaliar a reação das pessoas a um “gênio” fora de seu “ambiente tradicional”. Trata-se, claro, de percepção.
A estação escolhida fica no centro de Washington e é usada por centenas de milhares de burocratas, classe média (segundo o artigo do jornal), trabalhadores do governo americano. A experiência consistiu em colocar um violinista de primeiríssimo time para tocar como se fosse um músico de rua e ver como as pessoas reagiriam.
O vídeo (abaixo) é marcante. São pouco mais de 2 minutos que retratam a experiência de 45 minutos.
O artista é Joshua Bell, 45 anos e considerado um dos melhores violinistas da atualidade. Trata-se de um prodígio que começou a tocar (e estudar) com 4 anos de idade.
Apesar de acostumado a concertos com ingressos acima de US$100 por pessoa, ele topou a parada. Posicionou-se na entrada da estação L’Enfant Plaza, perto de uma lata de lixo e começou sua performance. O violino utilizado, feito em 1713 por Antonio Stradivari, portanto, um dos famosos “Stradivarius”, que segundo o próprio artista, atingiu sua perfeição na produção desses instrumentos justamente na década dos anos 1710.
Será que num ambiente totalmente “inapropriado”, um gênio é percebido ? Essa era a pergunta.
A acústica do local escolhido acabou ajudando.
Sem saber dos resultados, Leonard Slatkin, diretor artístico da Orquestra Sinfônica Nacional dos Estados Unidos foi entrevistado para dar sua opinião sobre o resultado. Ele disse esperar que para cada 1000 passantes, até umas 100 pessoas reconheceriam a qualidade do músico e de sua interpretação e achou ser possível “faturar” uns US$ 150 em doações.
Para tornar o teste ainda mais crível, as músicas tocadas foram de primeira linha. Nada de músicas atuais, conhecidas. Apenas “obras primas” da música foram interpretadas.

O RESULTADO

Pois bem, foram 43 minutos de apresentação e 1097 passantes.
O vídeo mostra que em nenhum momento houve qualquer aglomeração (o que surpreendeu os especialistas). Poucas pessoas param para ver Joshua tocar. Uma única pessoa aparece, no final do vídeo, reconhecendo-o (e olha que ele acabara de se apresentar na Biblioteca do Congresso em Washington) e a arrecadação foi de pouco mais de US$ 32.

MINHA CONCLUSÃO

O que essa experiência mostra, para mim, é quanto estamos “alienados” do mundo que nos rodeia e, certamente, isso é culpa da “velocidade da vida”, quantidade de informações que temos disponíveis e facilidade de acesso à elas via smartphones, tablets, etc.
Com tanta informação “disponível”, ao nosso alcance, acabamos com um sentido de urgência em consumir tudo isso e viramos reféns dos emails, tweets, posts e tudo mais que nos atinge. Portanto, além da facilidade de acesso e quantidade disponível, criamos (nós mesmos) essa necessidade.
Claro que em locais como São Paulo, com toda a violência urbana que nos cerca, nem sempre podemos perceber e desfrutar das verdadeiras coisas belas da vida que nos cercam. Também é verdade que, como a experiência mostrou, fora de contexto até um “gênio” da música não é valorizado ou reconhecido.
Mas acho que isso deve servir de alerta para todos e podemos “diminuir um pouco a velocidade”, deixando de ser reféns dessa “loucura” que a vida atual se tornou.

O VIDEO DA EXPERIÊNCIA



Fontes: